Fátima, 1993

Do ano não tenho a certeza mas deve andar lá perto! Lembram-se do acidente em que a mãe foi tentar ajudar aquela moça e vos deixou sozinhos com os bombeiros durante horas?? Eles foram fenomenais, deram-vos de comer e leram-vos histórias, mas eu deixei-vos com eles!!! Vocês acharam que eu era uma heroína e eu estava de rastos porque a rapariga morreu na mesma! e disse-vos que estava tudo bem! Pois eu depois fui ouvida na polícia e em tribunal porque havia uma queixa crime contra o namorado que ia a conduzir o carro que se estampou (e que se safou com umas arranhadelas e quando foi a tribunal já estava casado com outra rapariga) e a defesa do rapaz, que se enfiou na traseira de uma camioneta e desfez o carro e a namorada, era que a camioneta não tinha luzes de presença atrás! Pois telefonaram várias vezes lá para casa a "lembrarem-me" esse pormenor! E eu na altura não "agradei a ninguém" porque só afirmava que me lembrava de tudo da rapariga mas nada de tudo o resto. Pois se eu só olhei para ela!!!Não reconheceria ninguém na rua e nem me lembrava da cor dos carros quanto mais dos faróis!! Não agradei nem a gregos nem a troianos mas felizmente o juiz entendeu a minha história! E disse-lhe que me tinham telefonado a lembrar a "minudência" dos faróis mas que não podia afirmar nem uma coisa nem outra e a história ficou por ali! Nem sei o resultado do julgamento!
Sofia, a mãe nunca disse para não serem solidários, só aconselhou a não se envolverem "demais"!! E o demais é mandar bocas ou andar à pancada!! Só se pode ajudar, ajudar tem de ser, sempre, mas de boquinha calada e sem se deixarem envolver nas lutas para não ter chatices depois.