Monday, February 12, 2007

à minha mãe,

em resposta a este post escrito no mina.

Lembro-me de ser miúda e de estarmos os três a ler um livro, cheio de imagens! e texto compacto, que nos deste e que explicava o que era o sexo, os sentimentos de afecto, a hetero e homossexualidade, a sida e outras doenças sexualmente transmissíveis, a pedofilia, o casamento, e tinha também uma pequena história do sexo na sociedade ocidental, como os romanos faziam desporto nus, os gregos orgias, e coisas que tais.
Foi cedo demais? se calhar para a Bia, mas estávamos informados e isso era de máxima importância. E como éramos três dava para conversar sobre o assunto em vez de simplesmente ler. Cada um tirou as suas conclusões de acordo com a sua idade e maturidade. E lembro-me de mais tarde vir a pegar no mesmo livro, que ficou lá na estante, pacientemente, à espera de quem tivesse dúvidas.

Se houve ou houver surpresas mais ou menos desagradáveis, não é por falta de informação, é certamente por desleixo ou azar, porque todos os métodos anticoncepcionais são falíveis. Os preservativos rompem e as pílulas têm uma margem mínima mas existente de falha.

Mas o que eu quero mesmo dizer é, obrigada mãe.
Obrigada pela educação e conselhos que sempre me deste. Sobre sexo, sobre ser eu mesma, sobre procurar-me, sobre saúde sexual, sobre relações, sobre afectos, sobre amor, sobre experimentarmos e sabermos o que queremos ou procuramos. Ajudou-me e ajuda-me imenso na procura de uma relação saudável, emocional e sexual comigo mesma e com o meu par.
Lembro-me do choque de alguns Barros quando nos aconselhaste (aos três) abertamente a "viver junto" antes de casar. Compreendi e compreendo todos os argumentos que apresentaste, e concordo.
E lembro-me de ainda mais Barros chocados quando aconselhaste a não casar sem antes experimentarmos e iniciarmos a nossa vida sexual, pois a procura de nós próprios e do que queremos e com quem queremos passa também pela nossa sexualidade. Lembro-me que este discurso nunca dispensou uma linhas sobre e contra a promiscuidade, por uma sexualidade consciente e sensata. Por uma liberdade responsável.

Quero também dizer que se acontecesse agora engravidar, por muito inoportuno que fosse, e é!, que ainda nem acabei a universidade e tenho outros planos de vida anteriores à maternidade, levaria a gravidez até ao fim e ficaria, orgulhosa por ser mãe, com o meu filho. O que não dispensava de maneira nenhuma a tua ajuda e apoio, que seriam absolutamente fundamentais e preciosos para mim.

Do "abandono" de que te acusas, só posso dizer uma coisa. És a melhor mãe do mundo!
Sempre ao nosso lado, a querer e a procurar o melhor para nós, mesmo que isso te cause problemas, dê trabalho e seja difícil.
Porque ter o melhor não é ter muitas coisas, muitos brinquedos, muitas roupas, que também tivemos.
Porque ter o melhor é ter oportunidades e caminhos para projectos, que sempre procuraste criar e crias.
Porque ter o melhor é ter a quem contar, a quem perguntar, é saber que se cairmos para trás temos quem nos segure, quem nos apoie e nos carregue e empurre para a frente.
Porque ter o melhor é ter a tua confiança e abertura, os teus conselhos e a tua ajuda mesmo que não tenhamos a mesma opinião sobre o assunto.
Porque ter o melhor é ter-te a ti, o teu amor e a tua amizade, é termo-nos uns aos outros, é estarmos os quatro uns para os outros e podermos ser nós próprios sem vergonhas e constrangimentos.
Se eu não te cobro nada é porque só tenho mesmo a agradecer.
Sempre lá, distraída mas atenta!, é assim que és. A melhor!
Adoro-te mum!

2 comments:

Anonymous said...

... tou quase a chorar! desculpem a 'invasao' mas nao resisti... bjs

MA said...

não é invasão nenhuma, não escrevi um mail à minha mãe, escrevi aqui abertamente.

beijo para ti.